Com o salão de festas lotado e com a presença de muitos delegados de outros dos nossos clubes e associações, esta popular agremiação regional da nossa Comunidade realizou um evento comemorativo do Dia Internacional da Mulher.
Composto por um vasto programa que incluiu jantar que ocupou a noite até bem dentro da madrugada. Viveu-se momentos sublimes onde foi recordado o trabalho da Mulher, no seu amor como mãe e mulher e o seu valor na sociedade através dos tempos. Foi recordado também a renegação, ou descriminação que até há bem poucos anos foi submetida e o seu sofrimento que ainda no presente momento a persegue em outros lugares do nosso planeta.
A abrir esta noite foi, pelo presidente da AG, João Goulart, dadas as boas vindas a quantos enchiam aquele seu salão de festas. Seguiu-se um período musical por Luís Bettencourt e um espaço pela actuação do Grupo de Jograis do Asas do Atlântico em "Saudação ao envolvimento da Mulher na Comunidade".
Seria fastidioso transcrever este vasto e interessante programa mas que sumariamente deixamos os seus traços para dar-se assim a ideia da grandeza deste espectáculo comemorativo.
Foi, no inicio, tocado o Hino dos Açores em homenagem à escritora açoriana Natália Correia cuja biografia foi apresentada por Lina Pacheco.
A directora desta Casa Regional, Conceição Baptista, brindou a assistência com um trabalho seu direccionado à "Mulher na Comunidade". E assim, sucessivamente, a noite foi ocupada com trechos de poesia por Ana Ochoa e, José Pereira, grupos corais, palestras sobre a Mulher pela activista comunitária Edith Molina, pela coordenadora do Grupo Vida e Esperança do Centro Abrigo, Marília Santos e pelo jornalista Fernando Cruz Gomes, trecho musical sob a temática "Serões da Aldeia", em bandolim, pela Gabriela Bettencourt, actuação do Grupo Coral da casa do Alentejo, além duma peça de teatro levada ao palco pelo ensaiador Sérgio Dias do Centro Abrigo.
Muitos foram os clubes e associações presentes nesta celebração que ali se deslocaram e participaram neste sarau em honra da Mulher, a esposa, mãe e trabalhadora cujo contributo para a Humanidade e Comunidades onde está inserida só há bem poucos anos a sua obra vem sendo finalmente admirada e respeitada.
Para finalizar a noite actuou o Grupo Coral do Centro Abrigo tendo a festa continuado pela noite dentro com muita dança ao som da música pelo Duo Som Luso.
Gostaríamos de deixar aqui a poesia do José Pereira, bem bonita que sensibilizou muitos dos presentes inclusive o declamador que por duas ou três vezes parou na sua intervenção, colhido pela comoção e pelas lágrimas.
MULHER
É a mãe do Homem. É forte e valente
É trigo que ceifa, lá no Alentejo
Erguendo a foice, para o pão cortar
Grito de revolta, contra o Sol que queima
Catarina Eufémia, no chão a sangrar.
É a mãe do homem. É forte e valente
É recém-nascido que sai do seu ventre
É lenha que junta para o fogo atear
Chama que já arde, e ninguém vai apagar.
É mulher do povo. Altiva e imponente
Branca ou de cor, mas nunca diferente.
Ergue o seu estandarte que esvoaça no ar
Pede os seus direitos, que teimam negar.
É fábrica que produz, com seus braços ligeiros
Amor que se pede. Amor que se dá
Companhia amiga, no quarto ao deitar.
É filha da terra e não de Adão
Costela do homem? Tanto não diria...
Pecado de Eva é humilhação
Fruto proibido, qualquer o comia.
Sai do seu ventre. Por isso aqui estou.
Mulher é força, que não acabou...
Ela é muito mais que um corpo bonito,
É o amanhã em que eu acredito.
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